terça-feira, 14 de julho de 2009

Foram seis meses em dubai pra que eu tivesse meu primeiro sonho com meu pai.

Eu nao costumo sonhar muito com ele...mesmo quando era recente seu falecimento... entretanto com o passar do tempo os sonhos foram ficando cada vez mais distantes um dos outros.

Sempre fico pensando qual o valor do sonho depois de acordar, pensando o porque eu ter sonhado aquele determinado assunto ou contexto. Aparentemente, nao ha razao por tras. Apenas a certeza de que seriam momentos comuns, do dia a dia. Isso provavelmente eh devido a vontade que eu tenho de poder compartilhar com ele, so com ele, as coisas da minha vida.. como eu cresci, onde estou...

Nos sonhos ele parece tao vivido, tao real.. me faz acordar sem saber onde estou, se era real tudo aquilo.
Acho que era.. acho que era real enquanto eu sonhava... por isso talvez a sensacao de que nao quero acordar. De que nao quero deixa-lo ir novamente. Ele sempre esta risonho como era, sorrindo e contando historias e piadas sem graca... tentando iniciar alguma conversa simples, ou contando como algum amigo lhe ensinou algo. Como se nunca tivesse se ausentado, como se tivesse apenas ido trabalhar e agora estivesse voltando.

Nesse sonho eu me lembro que iamos almocar juntos.. minha irma e minha prima amuni tambem estavam no sonho.. meu pai dirigia e iamos todos no banco de passageiro, eu atras dele como de costume. Dai ele parava no posto de gasolina da avenida transguarulhense.. e ainda estacionava mal pra caramba.. parava todo torto (!).. eu falava pra ele acertar o carro e depois de mostrar o porque, ele ia la e deixava o carro perfeitamente alinhado e escondido do fluxo do transito.

Nisso minha irma e minha prima comecavam a comer nesse restaurante de posto de gasolina que nao tinha opcao nenhuma no cardapio a nao ser um arroz com ovo mexido. Ainda comiam sentadas num banco sem mesa para descansarem o prato.

Eu ficava puto por elas terem iniciado o almoco naquele lugar, porque eu sabia que meu pai nao se importaria com o fato de nao ter muita opcao assim que as visse comendo, ele queria apenas a nossa companhia... ele iria comer la apenas pra sentar na mesma mesa e conversar conosco.

Quando eu percebia sua ausencia, eu voltava um pouco na rua e o encontrava conversando num tipo de borracharia.. achava que ele estava procurando o restaurante ou que conhecia algum outro lugar.. mas nao.. estava conversando com um homem de idade que aparentemente havia conhecido naquele momento. Meu pai tinha esse talento. Ele fazia conversas com qualquer tipo de gente em qualquer tipo de lugar ou profissao. Ele nao se importava com status ou limpeza.. ele olhava pra pessoa e se importava com ela.

Depois ele saia enquanto me deixava conversando com esse senhor.. eu sem saber o que falar, pois nao o conhecia, me despedia e ia atras dele... dai tinhamos meio que uma discussao, pois ele me perguntava onde as meninas estavam e eu dizia que haviam comecado a comer no pior lugar possivel.. que preferiria ir comer no bar da minha rua onde a comida seria mais barata e com maior variedade... decidia que nao me juntaria a mesa com eles... entao ele subia ao posto para comer com elas e eu ficava parado na rua... como se fosse uma crianca mimada que nao teve seu desejo cumprido e nao sabe para onde olhar.

Acordei nesse momento... Acho que perdi a humildade e o foco do que eh importante na minha vida. Perdi-me em meio a tanta gente com tantas vontades.

Saudades de ti, pai. Sera que eu ainda hei de te ver um dia?

Um comentário:

* Lilian * disse...

puxa... :-|
ve sim.. todos nós veremos....
tenho certeza..
:-)